Madeiras extraídas viram carvão para abastecer indústrias do Sudeste Cerca de 3 mil pessoas de cidades do sul baiano viveriam atualmente da derrubada ilegal de eucaliptos, utilizados por três grandes indústrias, para a produção de celulose.
Uma reportagem da revista Veja desta semana revela que moradores, inclusive crianças, dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça produziriam carvão em 4 mil fornos ilegais que abasteceriam siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Em uma área 20 vezes maior do que a de Salvador, as companhias Fibria, Veracel e Suzano produzem 22% da pasta da madeira nacional e, até o fim da década passada, teriam sofrido duas dezenas de ataques de integrantes do Movimento dos Sem Terras (MST), acusados de destruir propriedades e devastar lavouras.
Segundo a reportagem, há dez dias policiais conseguiram apreender 40 caminhões carregados de troncos roubados da Fibria e da Suzano, mas ninguém foi preso, e as tentativas das autoridades de impedir a devastação não surtiriam efeitos.
Confiantes na impunidade, carvoeiros, aliciadores de mão-de-obra e chefes da chamada "máfia do carvão" agiriam em plena luz do dia, com a justificativa de haver "problema social" no estado. "Tem muito eucalipto aqui e eu não tenho outra coisa para fazer. Roubo mesmo", disse Robson dos Santos Lima.
Todas as apreensões da polícia sofreriam retaliações dos supostos criminosos. No último caso, um ônibus que transportava 25 funcionários da Fibra teria sido incendiado. Dezenove mil hectares de floresta já teriam sido queimados, o que contribuiu para concentrar uma quantidade de monóxido de carbono, equivalente a quatro meses de emissão da frota baiana de veículos. Já as empresas, que empregam 15 mil trabalhadores, ficariam impedidas de explorar a madeira de maneira sustentável na fabricação da celulose.
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